Desvio de donativos em Santa Catarina provoca perplexidade e indignação entre brasileiros
Notícia retirada do Globo
Por Flávio Freire e Maiá Menezes
A roubo de donativos destinados às vítimas das enchentes em Santa Catarina provocou indignação e também um debate sobre os reflexos da impunidade no país. O professor de Ética e Filosofia da Unicamp Roberto Romano diz que o comportamento de juízes, políticos e empresários que advogariam em causa própria incentiva no país ações como as dos soldados e voluntários que roubaram alimentos e roupas doados a quem perdeu tudo o que tinha nas enchentes.
Para Romano, quando agem a seu favor, pessoas que deveriam dar o exemplo quebram a fé pública, e provocam, com isso, o sentimento do "se ele pode, eu posso".
- Isso dá à multidão o exemplo da impunidade - disse.
Para o professor, a sociedade, mesmo em situação normal, deve contar com a violência e o egoísmo quando o assunto esbarra no comportamento humano.
- E a situação fica pior em caso de pânico, quando a norma do cotidiano e da rotina é suspensa. Aí temos a eclosão do que é mais baixo na conduta humana.
Os dez soldados e um sargento do Exército flagrados numa reportagem da RBS TV, afiliada da TV Globo, furtando donativos destinados a vítimas das enchentes em Santa Catarina deverão ser ouvidos a partir de hoje no inquérito policial militar (IPM) aberto para investigar a participação deles na ação que chocou o país. O Exército abrira sindicância para apurar a transgressão às suas normas, mas, ontem à tarde, o caso se transformou em IPM, diante do indícios de crime e da repercussão. Todos estão detidos no 23 Batalhão de Infantaria de Blumenau.
De acordo com o comandante da 14 Brigada de Infantaria Motorizada em Florianópolis, general Manoel Luiz Pafiadache, responsável pelo Batalhão do Exército em Blumenau ao qual pertenciam os militares, os objetos furtados do pavilhão 1 do Parque da Vila Germânica foram devolvidos sábado, quando o comando soube da reportagem:
- Ainda não sabemos se foram todos que participaram. Vamos ouvir um por um. O que aconteceu foi falta de comando, de liderança do responsável pelo grupo, que era o sargento.
O general explicou que o fato de não ter havido o flagrante contra os soldados faz com que o caso precise agora ter uma apuração mais demorada. Ele disse que os militares poderão ser presos e até expulsos da corporação.
17/12/2008
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