Fui assistir a peça Hamlet, que está em cartaz até o final de setembro no Teatro Faap, em São Paulo. No dia seguinte, empolgada pelo que vi, falei com a “dona” deste blog sobre a possibilidade de escrever um texto para este espaço. Porém, quando enfrentei a tela do computador, fiquei assustada. Afinal, como escrever sobre Hamlet?
Decidi fazer algo um pouco egoísta: não vou falar sobre a obra de Shakespeare, afinal muita gente super-mega capacitada já faz isso, e esse texto também não será uma crítica sobre a peça. Vou falar sobre a minha experiência com Hamlet.
Todo mundo conhece alguma obra de Shakespeare, nem que seja através daquela adaptação de Romeu e Julieta em que o hollywoodiano Leonardo di Caprio interpreta o Romeu. Eu, além de já ter assistido a várias adaptações da obra, li e assisti uma versão cinematográfica de Othelo.
Hamlet, conhecia apenas de nome e sabia o enredo da história – o sofrimento do protagonista ao descobrir que o tio matou seu pai e casou-se com a mãe para obter o trono da Dinamarca -, além, é claro, de conhecer a famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão”. Até que o ator Wagner Moura decidiu fazer uma montagem da peça, o que foi extremamente veiculado na mídia. Vi o ator em muitos programas de TV, revistas e todos os jornais. E o mais incomum: todo mundo falando super bem! Desde a sabatina de Marília Gabriela até Antônio Abujamra em seu programa Provocações, da TV Cultura.
Eu queria ver Hamlet, principalmente por conta do Wagner Moura, que admiro muito como ator. Mas quando saí da peça, vi que valeu a pena não só por causa dele, que realmente está muito, mas muito bem no papel, mas por todo o elenco. E isso eu quase não foi abordado na mídia, que praticamente só elogiou a atuação do Wagner.
O ator Tonico Pereira, que vive Claudio, o tio/padrasto de Hamlet, tem uma atuação excelente. Ele se expressa nos detalhes, nos gestos, em tudo. Mas quem mais me surpreendeu foi a Ofélia, interpretada pela atriz Georgiana Góes. No começo, a personagem é pequena, mas quando chega o momento em que Ofélia está no centro da peça, a atriz surpreende “tomando conta” do espetáculo.
A tradução do texto é de fácil acesso, não usa palavras que não estão no cotidiano das pessoas há séculos só para deixar claro que aquilo é um Shakespeare. Se bem que não é por isso que o texto deixa de ser complexo e completo.
Assistindo Hamlet, tive a sensação de que todos os dilemas existenciais do ser humano foram lá representados. E, afinal, ser ou não ser ainda é a nossa grande questão!