26/08/2008

Troféu "Melhor da América Latina"


Por Theo Ruprecht

O Brasil enviou 277 atletas para Pequim. Já Michael Phelps é só um mesmo. Contudo, por incrível que pareça, o nadador americano provou ser mais eficiente do que todo esse pessoal, conquistando nada menos do que oito medalhas de ouro - contra três da nação verde-amarela. Mas que fique bem claro: a comparação é perigosa. O motivo pelo qual um homem é capaz de superar o desempenho de um País com cerca de 185 milhões de habitantes está muito mais relacionado com a maneira com que o esporte é tratado por aqui, do que pela habilidade quase sobrenatural – e inegável – de Phelps dentro da piscina.
Nessa Olimpíada, o Brasil conquistou 15 medalhas, rendimento que nos colocou na 23º posição. Além das cinco douradas, vieram mais quatro de prata e outras oito de bronze. Como prêmio de consolação, podemos dizer que somos os melhores da América Latina (superamos a Argentina!) e que Cuba, papa-medalhas do Pan-americano do Rio de Janeiro, ficou para trás também.
Apesar desses argumentos, que serão ditos e reditos por Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, não podemos nos contentar com essa atuação. E não digo em termos de competitividade. Isso, pensando no espírito olímpico, deveria ficar em segundo plano. Essas raras medalhas – conquistadas por verdadeiros heróis que superaram todo tipo de problema, com a única exceção do bronze no futebol masculino – representam o quanto o esporte é levado a sério no nosso país. Afinal, sabemos que as atividades esportivas no Brasil não são fomentadas como deveriam. Pena, porque se sabe que o esporte é importante em diversas áreas, como na saúde, na educação, no entretenimento e por aí vai.
Por isso, vale ressaltar a velocidade de César Cielo nos 50m livre – nosso primeiro ouro na natação na história das Olimpíadas –, os incríveis saltos de Maurren Maggi, que superou um escândalo do doping anos atrás para tornar nosso quadro de medalhas mais dourado, e os bloqueios de nossas meninas do vôlei, que de amarelonas só têm a medalha mesmo. Entretanto, também precisamos enaltecer todos os outros que, sem dinheiro e sem treinamento adequado, superaram-se para representar seu País e realizar um sonho. E parabéns ao Michael Phelps, que mostrou como um homem pode superar uma nação de tamanho continental. Mas fiquem tranqüilos, porque ele sozinho estaria na décima posição no quadro de medalhas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o texto, que vai de encontro contra o que muito se falou e se mostrou dos atletas brasileiros nessas olimpíadas... sem dúvida, é a visão mais próxima do que de fato ocorreu nessas duas semanas...

e sobre o phelps, não tem jeito, o cara ganha tudo mesmo...