21/08/2008

Nós temos o "nosso" Obama

"Obama'' sonha alto em Petrolina
Político do sertão se inspira no americano

Alexandre Barack Obama nasceu na área rural de Petrolina, no sertão do São Francisco, a 770 quilômetros do Recife. Casado, três filhos, segundo grau incompleto, é pobre e vende climatizadores para sobreviver. Em comum com o senador candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, ele tem a cor negra, quase a mesma idade - 48 anos, um a mais que o senador - e um objetivo: assim como o norte-americano quer ser o primeiro presidente negro de seu país, Alexandre Nunes Jacinto quer se tornar o primeiro prefeito negro de sua cidade. Para isso, dá agora o primeiro passo: é candidato a vereador pelo PSDB, partido ao qual é filiado há 9 anos.
O nome do político famoso foi adotado no registro da candidatura. Sua mulher, Maristela, a princípio foi contra. Outros fazem chacota. Alexandre não se importa. Tem profunda admiração por Obama, cuja trajetória acompanha há quatro anos e se encanta especialmente com sua oratória. Assim como - ideologias à parte - o embevecem os discursos de Fidel Castro e Che Guevara, dos quais possui CDs gravados e a quem considera ases da palavra. Bateu o martelo na decisão de adotar o nome como apelido ao ouvir o comentário de uma pessoa próxima: "Você vai ser o Barack Obama do Nordeste."

MOTO

Para correr atrás do sonho, a mulher, que é agente municipal de saúde, aceitou assumir o sustento da família no período de campanha, responsabilizando-se pela feira e pelas despesas domésticas. Para poder rodar pelo município à cata de votos, Alexandre Barack Obama comprou uma moto em 42 prestações. Nas andanças pela cidade, contudo, usa bicicleta ou caminha, para economizar combustível.O apelido adotado não está presente em todos os "santinhos" nem ele o usa indiscriminadamente: para os eleitores mais velhos e da roça, ele é Alexandre Nunes Jacinto. Para os jovens e adultos da classe média, assume o Barack Obama, sem medo de ser discriminado por fazer propaganda de um político de outra terra. "Eu nem gosto dos Estados Unidos, minha admiração é pelo homem e, como ele pode vir a mudar os Estados Unidos, eu também quero mudar Petrolina."

*** texto retirado do jornal O Estado de S. Paulo.

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