12/04/2009

Um herói diferente

Resenha: O Filho Eterno, de Cristovão Tezza

Ter um filho Down não passava pela cabeça do escritor Cristovão Tezza. Aliás, a Síndrome de Down passa longe de todos nós. Quase sempre. Quando vemos uma criança na rua ou um parente de um amigo distante trissômico nos deparamos com o assunto (e ainda com certa distância). Hoje, o termo Síndrome de Down é suficientemente conhecido. Há 20 anos, quando o filho do escritor nasceu, ouvia-se apenas a expressão mongolismo. Como lidar com uma notícia dessas? Aceitar Felipe e sua não-normalidade foi o principal desafio de um pai que se viu completamente desamparado com a notícia: “... Algumas características... sinais importantes... vamos descrever. Observem os olhos, que têm a prega nos cantos, e a pálpebra oblíqua”. Cristovão sabia do que se tratava. Era uma criança Down. Por ironia do destino, tinha corrigido uma dissertação de mestrado de um amigo na área de genética meses antes.

O texto é direto. Não foi fácil Tezza ver o filho como um filho – deixando de lado toda pressão social. A dor era tamanha que era mais fácil usar da ironia para lidar com a situação. Mas o leitor vai descobrindo um pai apaixonado ao longo do livro. Além, é claro, de se apaixonar por Felipe.

Não é à toa que o livro ganhou vários prêmios no ano passado: Jabuti, APCA e Portugal Telecom.


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