30/08/2009

Uma crítica ao desenvolvimentismo

"Crescer por crescer tem suas consequências"

Por Thomas Humpert

A semana que passou mostrou a falta de sensibilidade econômica que domina o alto escalão do governo. No seminário de comemoração aos 40 anos do caderno de economia do jornal O Globo, o ministro da Fazenda Guido Mantega louvou o crescimento descontrolado da época dos militares; o milagre econômico. Em suas palavras: “Tenho elogio a fazer ao Milagre, mesmo ele tendo gerado desequilíbrios. É melhor crescer com desequilíbrios do que não crescer”.
Nas décadas de 60 e 70 o governo militar fez o País crescer a uma taxa média de 7%. Longe de sustentável, esse crescimento trouxe consigo a escalada desordenada da inflação e suas consequências. Para impedir que a inflação corroesse o crescimento real do país, o governo militar criou um artifício que fazia com que a economia se tornasse quase neutra ao processo inflacionário: a indexação. Segundo esse mecanismo, a inflação passada reajustava os principais preços da economia, criando um ciclo vicioso inflacionário.
O resultado a longo prazo desse processo foi um período de hiperinflação e consequente instabilidade macroeconômica. A instabilidade gerou queda na atividade econômica, queda na confiança dos empresários com relação ao futuro (que se traduz em menos investimento privado), e diminuição do investimento externo.
Já a escalada da inflação gerou o imposto inflacionário. Esse imposto incide principalmente sobre os mais pobres, que têm uma parcela menor de sua renda aplicada, que é corrigida pela inflação. O resultado é uma diminuição da renda real disponível dessa camada da população e aumento da desigualdade social.
Guido Mantega é de uma corrente que dominou o pensamento econômico brasileiro por muito tempo e parece não se renovar. O desenvolvimentismo prega o crescimento pelo crescimento, independente das consequências. Como se sabe, entretanto, as consequências são duras. Enquanto o pensamento econômico no governo não se renovar, o Brasil não crescerá de maneira sustentável e segura.

29/08/2009

Dica de blog

A urbanista Raquel Rolnik, professora da FAU-USP, lançou o seu blog. Vale a pena incluir entre os sites favoritos. Para quem gosta de pensar São Paulo e o Brasil em termos da arquitetura (ou até para quem desconhece a importância do diálogo entre uma construção e o contexto urbano).

Ela manda muito bem e os textos do blog são bem completinhos.

Vai lá:
http://raquelrolnik.wordpress.com/

25/08/2009

Uma investigação ética sobre a atuação do direito como transformador moral na sociedade


Por Gonçalo Xavier


A relação entre direito, moral e ética é um dos temas mais polêmicos no estudo da filosofia do direito. E essa relação torna-se mais viva em nossa realidade quando a criação de novas leis acabam por impor mudanças ao comportamento do indivíduo dentro da sociedade, como o que ocorreu com a recente lei antifumo.
Para uma melhor compreensão do tema, é importante definir os conceitos de moral e ética. Com base nos ensinamentos do filósofo espanhol Adolfo Sánchez Vázquez, pode-se dizer que a moral é um sistema de normas, princípios e valores, que regulamentam as relações dos indivíduos em sociedade, de forma que estas normas, de caráter histórico e social, sejam obedecidas de forma livre e consciente, por convicção e não por imposição externa. Apesar de o sentido etimológico da palavra ética (ethos) revelar algo como “caráter”, ou “modo de ser”, ele é insuficiente para sua compreensão. Define-se ética como a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Sua função é encontrar a essência de seu objeto - a moral. Assim, pode-se inferir desse conceito que a moral é a prática; já a ética, é a reflexão, a investigação.
Muitos confundem direito e moral, imaginando que ambos são a mesma coisa. Não há dúvidas de que se relacionam. Graficamente, como expôs Miguel Reale, sua relação se representa por dois círculos secantes, isto é, que se cruzam até determinado ponto.



Em comum, pode-se dizer, por exemplo, que direito e moral são bilaterais, ou seja, os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente, algo; agora não há que se falar em coercibilidade na moral, diferentemente do direito.
Algumas leis, ao ingressar no ordenamento jurídico, acabam por alterar o comportamento moral dos homens em sociedade. Todos já notaram a mudança de postura das pessoas, fumantes e não-fumantes, com a nova lei antifumo. Muitos até já falam em parar de fumar.
Apesar de a lei ser formalmente discutível, já que é de competência exclusiva da União legislar sobre o tema, vê-se que no trabalho, na universidade, nos bares, baladas, é notória a modificação de atitude: só se vê fumantes em áreas abertas, exatamente como prevê o texto da lei. E essa mudança, apesar de vir pelo exterior, por imposição e coerção, acabou por, a posteriori, mudar a convicção interna do sujeito a quem esta norma incide.
Este é, sem dúvida, um dos mais nobres objetivos do direito: servir de instrumento de modificação do homem em sociedade, sendo capaz de gerar uma reflexão ética sobre as leis morais na sociedade.

23/08/2009

Pé na estrada - Diário de viagem - Deserto do Atacama (Chile)

por Marília Lopes

1º dia

No dia 12 de julho iniciei uma experiência inesquecível: uma viagem a San Pedro de Atacama, povoado próximo ao deserto mais árido do mundo. Por volta das dez da noite, eu e minha irmã Priscilla desembarcamos no Aeroporto Internacional de Calama e tomamos um transfer para chegar a San Pedro. No percurso, o céu mais estrelado que já vi e uma lua super brilhante eram nosso únicos referencias em uma estradinha sem movimento algum. Ficamos hospedadas em um hotel bem rústico, que segue o padrão arquitetônico do local.

2º dia

Igrejinha da cidade

No dia seguinte, passeamos pelas ruas de terra de San Pedro, um povoado de aproximadamente 3 mil habitantes. O sol brilhou todo o dia e a temperatura estava amena. Nosso primeiro passeio começou à tarde, quando vimos o pôr do sol no Valle de la Luna. Simplesmente maravilhoso.

Solmáforo indicava que o dia estava no grau médio

Depois de completar um dia de viagem percebi que o que aprendi na escola, que no deserto a temperatura durante o dia é de 40º graus e a noite passa de -20º , não era verdade (pelo menos no Atacama).

3º dia


Logo cedo saímos do hotel rumo ao Salar de Atacama, Laguna Chaxa e depois as lagunas Altiplánicas, que ficam a 4.200 metros de altitude. Já na primeira parada, minha irmã já sentia os efeitos de estar no deserto, seu nariz começou a sangrar por causa do tempo seco. Na Laguna, fiquei pertinho dos flamingos. Quando chegamos às lagunas, tivemos uma surpresa: estava nevando, o que é super raro lá.

4º dia

Laguna Cejar

Com a chegada de um casal de amigos, nosso grupo ficou maior. A programação do dia era ir para a laguna Cejar, que tem uma concentração de sal igual a do Mar Morto. Apesar do vento e do frio, decidi entrar na laguna. É uma sensação muito estranha, pois no inverno, a parte mais próxima a superfície é fria e para baixo fica quente.

5º dia

Assistimos a uma procissão, por conta do feriado chileno em comemoração ao Dia da Virgen del Carmen. E já nos preparavamos psicologicamente para o passeio mais trash da viagem: Geysers del Tatio.

6º dia

Eu e os Geysers

As quatro da manha da sexta-feira, acordei. Comecei a me vestir para o passeio, depois de duas meias calcas, duas meias, uma calca legging, uma calca jeans, segunda pele, duas blusas de lã, um casado grosso, luva, cachecol e gorro, eu podia dizer que estava pronta. A recomendação era não comer nada antes de ir porque o caminho costumava deixar as pessoas enjoadas. (Obedeci, é claro).
Só o caminho já vale a pena. O céu estava mais estrelado do que no dia em que chegamos. E por estarmos no meio do nada, para todo lado que olhava via estrelados até chegar a linha do horizonte. Quando chegamos o dia amanhecia e a temperatura era de -10º graus, numa altitude de mais de 4 mil metros. Os Geysers são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes. A água entra em ebulicao e saem jatos de vapor que alcançam uns 15 metros de altura. Mesmo com essa explicação cientifica, o que posso dizer é que os Geysers não tem muita explicação. São mágicos e só quem já foi lá consegue entender o que é. Mas é um passeio que exige bastante do corpo. Não tínhamos que fazer grandes caminhadas, mas em um grupo com mais cinco amigos, quatro pessoas passaram mal por conta da altitude, do caminho, da temperatura ou talvez por tudo isso junto.
Depois dos Geysers, fui às termas de Puritama, afinal precisava de algo bem quentinho pela tarde, depois do frio da manha. Lá relaxei e fechei com chave de ouro minha aventura pelo Atacama. A noite, chegou a hora de novamente encarar a estradinha vazia rumo ao aeroporto.

21/08/2009

Uma eleição e dois eleitos (???)

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e seu principal desafiante nas eleições, Abdullah Abdullah, se posicionaram hoje como vencedores nas eleições presidenciais, um dia após milhões de afegãos terem comparecido às urnas. As declarações antecipadas feitas por Karzai e Abdullah são uma tentativa de vencer o jogo das expectativas, mas funcionários da Comissão Eleitoral Independente disseram hoje que é muito cedo para qualquer grupo proclamar vitória.

Aqui estão alguns flashes das eleições no Afeganistão:

1. Violência torna eleições no Afeganistão um desafio
2. Mulheres votam em locais separados dos homens
3. Cédula mostra os 31 candidatos na disputa

19/08/2009

Adotei um leão

Dobra pra lá, dobra pra cá

Descobri um blog diferente (http://desdobrei.blogspot.com) e que tem uma proposta muito, mas muito criativa. É o seguinte: Tico é um cara que adora fazer origamis. Não importa o papel (e quão difícil seja para moldá-lo), mas dobrar virou quase que um vício para este importador de bebidas. Ele faz sapo, gato, girafa, porquinhos, rinocerontes, corujas, robô, caminhão, estrela do mar. Tudo de papel. E ainda coloca seus origamis para adoção. Toda sexta-feira tem uma fornada nova pronta para ser adotada (sim, é como se as dobraduras saíssem do forno). Você escolhe o bichinho de sua preferência e entra numa disputa com outras pessoas para ver quem leva o origami para casa. Eu levei o leão. O mais legal é que Tico envia o bichinho adotado até a sua casa (e sem custo nenhum!). A moda pegou e hoje tem origami do Tico pelo Brasil inteiro.

Confira uma conversinha que tive com Tico, onde ele me explica da onde veio a ideia de organizar a adoção de origamis.

blog minhaescrivaninha: Quem te ensinou a fazer origami? E qual é o seu origami preferido?
Tico:
Aprendi a dobrar papel com um grande amigo japonês, o Ishi-San, lá nos idos de 1980. O amigo se foi, ficou o origami e o budismo como brinde. Hoje, os origamis criados pelo Komatsu-San são os que me fascinam mais. Não pela sua complexidade e dificuldade, mas por suas formas geométricas mais estilizadas. Mas, como sempre digo, dobramos qualquer negócio!

blog minhaescrivaninha: Qual é a sua profissão?
Tico: Sou formado em Comércio Exterior e especializado na importação de destilados. Já passei pelo turismo e pela produção gráfica. Hoje, caminho pelo marketing, mas minha vontade mesmo é abrir uma portinha na Vila Madalena para fazer comida tailandesa.

blog minhaescrivaninha: Que mensagem você quer passar com estas “adoções” pelo Brasil afora?
Tico:
Sabe que não pensei em nada nesse sentido quando resolvi doar meus origamis? Nem pensei que teria um retorno tão grande. Posso pensar enquanto dobro o próximo origami que vai entrar na próxima leva de adoção, pode ser?

18/08/2009

Só para não deixar de falar no Sarney...

Tem um site engraçado para caramba que registra o seu pedido de emprego ao presidente do Senado, José Sarney. Funciona assim: você pede um emprego para Sarney e seu pedido fica registrado lá. Veja algumas respostas:

“Meu querido Sarneynto, sou um profissional degustador cervejas, gostaria de lhe assessorar nesse sentido”

“I work for food”

“Oi, lembra de mim? Eu sou filho do tio do irmão do vizinho do primo( de segundo grau) da tia da prima do namorado da sua neta :) me emprega?"

http://www.sarneyjobs.com.br/

16/08/2009

Para quem só vai ao Cinemark, tente o Gemini

Chega de shoppings, filas quilométricas para o estacionamento, cinemas lotados (e caríssimos). Deixar de ir aos cinemas de grandes shopping centers é um ato de libertação, acredite! Para quem já se acostumou ao Cinemark com suas salas bacanérrimas e filmes hollywoodianos, tente ir a um cinema de rua. Eu já aderi ao cinemas menores, mais aconchegantes e que passam filmes europeus (tem americano também, é claro). Mas cinemas de ruas, como o Gemini, valem também pelo passeio. Você entra numa sala antigona, com um carpete lá dos anos 70 e cadeirinhas de couro colorido (azul ou vermelho). Para pagar, nada de cartão de crédito. Não tem cadeira marcada e o ticket do filme é quase como um comprovante das rifas da vovó. Ah, vale dizer ainda que tem docinho de cortesia para os espectadores. Os atendentes são gentis e o público que de lá é bem tranquilo (nada de criança chorando na sala ou uma turma de aborrecentes). Depois de assistir ao filme, dá para fazer uma caminhada pela Avenida Paulista. Quer programa melhor que esse?

Dica: Tente cinemas como Reserva Cultural, HSBC Belas Artes, Cine Bombril e Espaço Unibanco - fica tudo na região da Paulista e redondezas.

Ela aquece o clima


Por Bruna Leite

Com movimentos favoráveis já organizados na internet, a senadora Marina Silva (PT-AC) foi oficialmente convidada a concorrer à presidência nas eleições de 2010 pelo Partido Verde (PV). No entanto, o que significa essa candidatura e qual a real expressividade nas urnas que ex-ministra do Meio Ambiente terá em relação às Dilmas e Aécios das grandes alianças partidárias?
Alfabetizada na adolescência em Rio Branco – Breu Velho, região onde nasceu, não possuía escolas - Maria Osmarina Silva de Lima sempre se preocupou com as questões ambientais, uma vez que a floresta representa importante papel em sua vida. Na Universidade Federal do Acre, integrou grupos de oposição ao regime militar, mas foi ao lado do seringueiro e ícone do ambientalismo brasileiro, Chico Mendes, que esta mãe de quarto filhos iniciou sua carreira política, cujo auge se deu no Ministério do Meio Ambiente no período de janeiro de 2003 a maio 2008. A carta de demissão da Esplanada dos Ministérios veio após dificuldades pretensamente causadas por outros setores do governo – cinco dias antes, o Presidente tinha delegado ao ministro Mangabeira Unger a administração do Plano Amazônia Sustentável (PAS) - e consequente falta de apoio à política ambiental.
Tem-se, assim, que a candidatura da ex-seringueira não representa apenas mais uma peça ao jogo político rumo à Brasília. Serão e já estão sendo trazidas à tona questões de cunho sócio-ambientais da maior importância, como a sustentabilidade do desenvolvimento para o progresso do país e a necessidade de uma exploração com parcimônia, em respeito aos limites impostos pelas riquezas naturais. Ainda, o fato de ser uma mulher de origem muito humilde e ter alcançado grande reconhecimento nacional e internacional pelo trabalho realizado em prol do meio ambiente, tornam-na uma candidata com grande apelo ao eleitorado.


Marina representa o otimismo, a utopia e pode trazer algo inovador para a democracia brasileira.
De fato, o cenário político, caso Marina aceite ser candidata, será bem diferente do dualismo PT x PSDB idealizado há alguns meses pelas lideranças partidárias. Promessa de disputa e de uma eleição mais justa, sob o prisma dos possíveis elegíveis que farão com que os brasileiros tenham maior oportunidade de escolha.
Marina Silva terá uma árdua tarefa pela frente. Sua candidatura é uma “antincandidatura”, já que os elementos internos e externos concluem por sua inviabilidade, ainda que venha como um sopro de ar puro ao atual cenário político, afastando o dualismo idealizado pelas lideranças partidárias. Marina possui um algo a mais, que faz com que sua presença na corrida política seja vista aquém de questões como apoio a antigos inimigos políticos e cargos comissionados a familiares, questões estas tão presentes na atual crise que assola a política brasileira.
Mas antes de tudo, cabe a ela aceitar formalmente o convite em tempo hábil, pois 3 de outubro é data até a qual os candidatos a cargos eletivos nas eleições de 2010 devem estar com a filiação deferida no âmbito partidário.

13/08/2009

Aqui estão eles: O quarteto

Para dar mais dinâmica ao blog, convidei quatro amigos para bagunçarem ainda mais a minha escrivaninha. Tenho certeza de que, cada um da sua forma, vai acrescentar muita coisa boa aqui. Sejam todos bem-vindos!

Bruna Leite

22 anos - estudante de Direito

Na minha escrivaninha tem que ter ... "uma pilha daqueles postais de bar, todos escolhidos meticulosamente por um critério que nem sei ao certo qual é"

Gonçalo Xavier

22 anos - estudante de Direito e Filosofia

Na minha escrivaninha tem que ter ... "textos claros, com idéias novas, nada de senso-comum. A informação passada deve se ater à veracidade, sempre com abertura ao diálogo"



Marília Lopes

21 anos - estudante de Jornalismo

Na minha escrivaninha tem que ter ... "criatividade e disposição para escrever"


Thomas Humpert

22 anos - administrador de empresas

Na minha escrivaninha tem que ter ... "bagunça indelével"

Sinais de hipocrisia


Por Thomas Humpert

Talvez o paper de maior repercussão na teoria e prática econômica moderna, “What Washington Means by Policy Reform” de John Williamson (1990) foi interpretado como panacéia para os problemas da América Latina. Base para as idéias do Consenso de Washington*, o artigo elencou 10 reformas necessárias para superar a estagnação por que passavam os países latinos àquela época. Em meio a mudanças que hoje são (ou deveriam ser) consensuais, como privatização de empresas estatais e disciplina fiscal, Williamson propôs – e as economias latino-americanas instituíram – a liberalização das importações.

O embasamento teórico subjacente à idéia de adoção do livre-comércio data do século XIX, com a publicação da teoria da vantagem comparativa de David Ricardo. O conceito é simples: os países devem se especializar na produção de bens e produtos em que têm uma vantagem comparativa sobre as outras economias. Ao liberar o comércio, as economias se beneficiariam tanto ao importar bens mais baratos, como ao exportar a um mercado consumidor maior.

Os Estados Unidos sempre foram tidos como maiores defensores da política do livre-comércio. Pelo menos até o estouro da crise. Para proteger a indústria nacional, o governo Obama aprovou uma cláusula que determina que todo o aço e ferro utilizados em projetos de infra-estrutura financiados pelo pacote de estímulo fiscal sejam americanos. A medida nacionalista ‘buy American’ mostrou claramente a hipocrisia por trás da defesa do liberalismo comercial.

Ao reavivar o protecionismo econômico, os EUA se contradizem. Para superar a crise de 1994, o governo americano, por meio do FMI, obrigou os países latinos a liberalizar o comércio e abrir seus mercados à competição internacional. Já os Estados Unidos, em cenário parecido, optaram por fechar seu comércio e proteger sua indústria, muito mais desenvolvida e apta a enfrentar a competição global do que a latino-americana de meados da década de 90.

Economistas não ortodoxos vem há tempos mostrando a contradição entre o discurso norte-americano pró liberalismo e a adoção de barreiras comerciais e subsídios agrícolas pelos Estados Unidos. Essa divergência, entretanto, nunca se mostrou tão clara quanto agora. Talvez seja esse o sinal para mudar a condução da política econômica brasileira para um protecionismo dinâmico, visando o desenvolvimento da indústria nacional. Melhor, porém, esperar até 2010 para garantir que não retornemos ao anacrônico modelo de Substituição de Importações.

*conjunto de políticas que norteia a economia dos países latino-americanos desde a década de 90.

I do believe

Leio o horóscopo todos os dias porque leio o jornal todos os dias. Acredito naquilo que gosto e deixo passar aquilo que não me agrada. Assumo: sou conveniente com esse tipo de coisa. Acontece que, em meio a tantas perguntas sobre minha vida pessoal, recorri a um tal tarô virtual (www.osho.com). Não cabe aqui detalhar a minha experiência. Só posso dizer que funciona. As interpretações das cartas são amplas e, se você mentalizar direitinho a sua questão, dá certo.

Para os céticos, uma boa pedida. Testei e aprovei.

Como fazer sua consulta?
Entre no site
www.osho.com
Escolha a opção “Português” e “Zen Tarô”
Mentalize sua pergunta e clique em “Tente uma carta”

11/08/2009

A Casa caiu para a Universal

A Justiça abriu ação criminal contra Edir Macedo e outros nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O Ministério Público de São Paulo acusa Edir Macedo de há cerca de 10 anos se utilizar da Igreja Universal para a prática de fraudes em detrimento da própria igreja e de inúmeros fiéis. Sim, alguma hora a casa ia cair para a Universal. Não estou julgando a religião em si, mas não podemos negar que é estranho pedir o dízimo a cada cinco minutos em um culto. Depois da Igreja Renascer, agora quem vai precisar de bons advogados é a Universal...

Dica de música

Quem ouve a OI FM (94,1 FM) deve conhecer música “Begging you”, da dupla norueguesa Madcon.É uma mistura de rock, com soul e não sei mais o quê. Só sei que o resultado é ótimo.
Veja o clipe:
www.youtube.com/watch?v=rN019oecsEg

10/08/2009

Eis o nosso Senado


Para quem não acompanhou de perto os bate-bocas no Senado, aqui estão os melhores momentos:

1º round:

“Vossa excelência foi lá na China e fez o acordo com o Collor. Foi dos homens que estiveram com o Collor. (...) Depois, na véspera do Collor ser cassado, vossa excelência largou o Collor. Tchau, tchau!”
Pedro Simon, senador, se dirigindo a Renan Calheiros.

“Só lamento que o esporte preferido de vossa excelência, nos últimos 35 anos, tenha sido falar mal de Sarney”
Renan, respondendo a Simon.

“São palavras que eu não aceito, e que quero o senhor as engula e as digira como julgar conveniente”
Fernando Collor de Mello, ex-presidente e atual senador por Alagoas.

2º round:

“Senador Renan, não aponte esse dedo sujo para cima mim”
Tasso Jereissati, senador, após ouvir de Renan que ele fazia parte de uma “minoria com complexo de maioria”.

“O dedo sujo, infelizmente é o de vossa excelência, são os dedos dos jatinhos que o Senado pagou”
Renan dispara contra Tasso.

“Pelo menos, era com o meu dinheiro, o jato é meu. Não é do que o senhor anda, dos seus empreiteiros. O dinheiro é meu, é meu, é meu”
Tasso rebate e Renan começa a se irritar.

“Seu coronel de merda! Me respeite!”
Renan cuida do grand finale.

Para quem gosta de acompanhar tudo o que acontece em Brasília, acesse o Blog do Noblat. Ele atualiza o blog a cada minuto e quase sempre mostra a notícia antes que outros sites.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/